Pages

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Para reflexão...



A aprendizagem depende de como o processo educativo se organiza em suas diferentes dimensões, ou seja, de condições mais objetivas. As propostas pedagógicas devem resultar da junção dos objetivos de ensino e das possibilidades de aprendizagem do aluno. O conhecimento prévio do aluno, a crença na própria capacidade, a disponibilidade e a curiosidade para aprender, a valorização dos saberes que possui e o sentimento de pertinência ao grupo são alguns dos fatores que explicam por que a partir de um mesmo ensino há lugar para a construção de diferentes aprendizagens.
Bernard Shaw ao falar sobre educação apresenta o conceito de "educação homeopática": "Se você ensinar alguma coisa a um homem ele jamais a aprenderá". Pode parecer uma afirmação radical, mas não quando vista em relação à rigorosa e doutrinária escola do começo do século. Há algum tempo, quando falávamos de classes heterogêneas, criava-se uma polêmica, pois a crença da época eram classes homogêneas, a tal ponto que as escolas públicas estaduais faziam uma triagem para verificar o nível dos alunos e separá-los em grupos fortes, fracos e médios. Na realidade um ato utópico, pois mesmo assim separados podíamos observar que os alunos ali agrupados nunca formavam um grupo homogêneo. Em se tratando de grupos de pessoas nunca iremos encontrar uma que seja igual à outra. Somos diferentes em essência, em DNA, em sinapses. Além de termos um DNA próprio, temos a interferência do meio que nos estimula, adequando-nos a nossa forma de vida. Portanto, uma sala homogênea torna-se impossível, teremos sempre salas heterogêneas. A partir do momento que a sociedade tomar ciência disso, será capaz de ingressar num mundo de aprendizagem constante. Trabalhar com a diversidade nos faz crescer, pois é com o saber do outro que completamos o nosso próprio saber. Nos anos setenta, Pink Floyd, em sua música "Another Brick In The Wall" (Mais um tijolo no muro), faz um pedido aos professores que deixem as crianças em paz,  induzindo-nos a entender que o sistema as transformava em máquinas, ou seja, colocava o ensino como mais um tijolo no muro, simplesmente.
Saindo desta teoria mecanicista, ingressamos paulatinamente na teoria construtivista e humanista, onde trabalhar com a heterogeneidade torna-se fundamental. Para trabalhar com os desiguais é necessário que saiba como fazê-lo. O professor deve assumir a condição de ator da prática pedagógica, refletindo, buscando soluções, construindo novas estratégias, tomando decisões, enfim, ter autonomia intelectual diante de cada situação. Para tanto, é interessante que reflita sobre a sua prática, se auto/avalie, trabalhe em parceria com a comunidade e, principalmente, tenha disponibilidade para aprender.
 Planejar situações didáticas, intervir de forma diversificada, propondo perguntas que requeiram níveis de esforço diferentes, oferecendo informações específicas que promovam estabelecimento de novas relações, ouvir o aluno dizer sobre o que pensa para chegar a uma determinada resposta e estimular o progresso pessoal, devem fazer parte significativa da prática.  Ao vivenciar a heterogeneidade proporcionaremos o avanço intelectual do educando, dos professores e de todo um grupo social, destacando a importância do papel do sujeito no processo de aprendizagem. A adoção de estratégias mais participativas tem por objetivo a valorização da escuta como vetor da aprendizagem significativa.
O ato de educar é um ato ético de abrir caminhos. No entanto, para que haja formação, tem-se que pensar o mundo, ou seja, formar idéias concebidas a partir das vivências. Portanto, cidadania não se forma na ignorância. A escola é um espaço fértil, de afeto, de competências, de ideologias, de conhecer e de aprofundar, cada um com suas identidades e saberes. Construiremos sim tijolos, porém, muito mais significativos, com ideias próprias, formadoras de muralhas que irão modificar a visão do nosso país, transformando num lugar melhor e mais digno para viver, sem barreiras e preconceito.

JOGOS ELETRÔNICOS COMO MEDIAÇÃO NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS AUTISTAS

MONTES, Maria Joana B. S; COUTINHO, Maurício
Universidade Federal do ABC – UFABC
{joanabsmontes@hotmail.com, mauricio.neto@ufabc.edu.br}

 Imagem - Sala de Recursos - Jogo Farm Frenzy 2

INTRODUÇÃO

A iniciativa de utilizar o jogo eletrônico como atividade educacional partiu do projeto interdisciplinar escolhido para o ano letivo de 2012 na Sala de Recursos Multifuncional). A Sala de Recursos atende alunos com necessidades especiais, entre eles autistas. O autismo, em sua complexidade, é uma incapacidade de desenvolvimento mental que normalmente aparece durante os primeiros anos de vida, ou seja, é uma deficiência nos sistemas que processam as informações sensoriais. O tema escolhido na proposta foi Sustentabilidade no Campo e Empreendedorismo. Tema este que também faz parte do projeto Empreendedor do Futuro da escola. Na execução, os alunos estudaram Geografia, História, Português, Matemática num ambiente interativo.  Buscou-se uma metodologia diferenciada para realizar os trabalhos, a Modelagem Matemática. Tal ciência é compreendida como um conjunto de métodos utilizados para obtenção e validação das respostas, mas,  para tanto, necessita de um modelo. O modelo, de acordo com Biembengut e Hein in Souza, nada mais é do que um conjunto de símbolos e relações matemáticas que procura traduzir um fenômeno ou um problema de uma situação real. Para maior compreensão desta pesquisa o trabalho foi dividido em três tópicos:

O primeiro enfatiza vestígios da educação contemporânea inclusiva, destacando o aluno autista. Realiza-se, neste tópico, um pensar reflexivo sobre a relevância de uma sociedade participativa e inclusiva. Reflete-se que o homem pode aprender a caminhar e se comunicar com o mundo e propõe como forma de transformar o pensar compartimentado em um pensar mais amplo, apto a enfrentar a complexidade.
        
O segundo capítulo aborda o significado da matemática dentro do contexto científico e social. Foca-se o jogo eletrônico como mediador.
        
Já no terceiro, enfatiza o percurso metodológico: Descrição do objeto "o jogo Farm Frenzy 2". Portanto, trata-se de destacar neste tópico dois momentos distintos que se complementam. Considera-se o primeiro a descrição mediante as imagens (frames) do jogo. Sendo que no segundo instante instaura-se, de fato, o ato de jogar.

Imagem - Sala de Recursos - Jogo Farm Frenzy 2

OBJETIVO

Propor a utilização dos jogos eletrônicos no ensino da matemática como mediadores na aprendizagem dos alunos com TGD (autismo).


Imagem - Sala de Recursos - Jogo Farm Frenzy 2

Objetivos específicos

Imagem - Jogo Farm Frenzy 2
•Fazer uma reflexão sobre o comportamento dos autistas.
•Buscar indicativos dos jogos eletrônicos como mediador na aprendizagem da matemática (conceitos de Modelagem Matemática).
•Relatar a experiência com o jogo na Sala de Recursos e os resultados. 

Imagem - Sala de Recursos - Jogo Farm Frenzy 2

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Rafael Marques. FIALHO, Francisco Antônio Pereira. Concepção de jogos educativos: Proposta de processo baseado em dilemas. VIII Brasilian Symposium on Games and Digital Entertainment. Rio de Janeiro, Brasil, October, 2009.
RANGEL, Patrícia Coacci. Autismo, Instituição e Família. Uma visão do Serviço Social. Disponível em: < >. Acesso em 14/05/2003.
BAPTISTA, Cláudio Roberto; BOSA, Cleonice. Autismo e Educação, Reflexão e Propostas de Intervenção. Porto Alegre editora Artmed, 2002
BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino Aprendizagem com Modelagem Matemática. São Paulo: Contexto, 2004.
ESTRATÉGIAS DE ENSINO. Disponível em < www.google.com.br > acesso em 26/06/2003.
PRENSKY, Marc. Digital Natives, Digital ImmigrantsMCB University Press, Vol. 9 Nº 5, October, 2001.
VECTORE, Célia; DeCHICHI, Claudia; FERREIRA, Juliene Madureira. Mediação pedagógica como estratégia de atuação a alunos do AEE. MEC: 2010.