A integração de ações de políticas governamentais com a sociedade e a escola podem vir a suprir as necessidades locais, culturais, educacionais e gerar projetos para diminuir as desigualdades, através da educação. Isso, entretanto, requer integrar novos conhecimentos na busca de ações que revertam o quadro de exclusão observado no contemporâneo.
Segundo Humberto Maturana, “Sem aceitação e respeito por si mesmo não se pode aceitar e respeitar o outro, e sem aceitar o outro como legitimo outro na convivência, não há fenômeno social“ (MATURANA, 2001, p. 30). Ao refletir sobre tal afirmação, tende-se a aprofundar conhecimentos sobre dinâmica do relacionamento entre si e o outro e o ambiente em que se vive. O desafio é promover uma produção de conhecimentos em prol de uma educação mais inclusiva e humana. Com isso, ao valorizar a diversidade cultural e o meio em que vive, o educador recria uma educação capaz de acolher diferenças e passa a modificar sua prática. Para tanto, aborda-se, neste contexto, estudos da atualidade que possibilitam tematizar e refletir a educação contemporânea.
O
processo de ensino-aprendizagem demanda procedimentos de leituras complexas por
parte de quem aprende e de quem ensina. A estratégia necessária para a formação
do sujeito faz-se com a reflexão e o pensar. Considera-se a dinâmica de ampliar
as condições físicas, psíquicas, cognitivas e culturais pautadas na democracia,
na justiça, na igualdade e na eqüidade, através da participação ativa por parte
dos envolvidos com a qualidade da educação.
Vê-se
na atualidade que atitudes de solidariedade humana e o respeito aos bens
naturais precisam ser práticas diárias, freqüentes, realizadas com habilidade,
desenvoltura e compreensão do outro, com sentimento de empatia, de forma a
ver/ler o sujeito e o funcionamento do universo global.
O
contemporâneo torna-se cada vez mais multidimensional, isto é, abrange múltiplos
aspectos. O presente e o futuro se confundem e as distâncias não apresentam
mais obstáculo para a transmissão de saberes. De acordo com Homi Bhabha,
“espaço e tempo se cruzam para produzir figuras complexas de diferenças e
identidades, de passado e presente, interior e exterior, inclusão e exclusão”
(BHABHA, 2005, p. 19). Nessa produção, as identidades se misturam e formam
novas identidades, de certo modo até mesmo mais elaboradas e aceitas na
atualidade, em um diálogo reflexivo sobre a diversidade.
A ideia está em evidenciar as diferenças
culturais, constituindo estratégias de criação de traços identitários (HALL,
2006), para, deste modo, prever valores vindos da noção de sociedade. Torna-se
emergente a reflexão dos domínios das diferenças, pois, mesmo dentro das
comunidades cujas histórias se comunicam, valores dialogam de forma conflituosa
e excludente. Constata-se tais questões na história de diferentes culturas e
raças, na violência e vitimização social que ora se observa no mundo atual.
Para
Bhabha (2005), a articulação social da diferença vista pela ótica da minoria se
faz complexa em um momento de transformação histórica na atualidade. Ainda
segundo o autor, as fronteiras culturais podem possibilitar o consenso ou o
conflito, confundir ou definir posições. Visto dessa forma, refletir
diversidade cultural não se restringe, apenas, ao reconhecimento do outro, e
sim pensar no eu e no outro. Trata-se der uma leitura política, porque discute
a relação entre indivíduos e a formação de identidades.
(Texto extraído do livro - FRAGMENTOS)