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quinta-feira, 10 de março de 2011

O QUE É AUTISMO?


Autismo é um tema difícil de ser abordado devido à sua complexidade.  Segundo fontes da Associação de Amigos dos Autistas - AMA, as crianças com autismo possuem distúrbios de comunicação, interação social e comportamental. As causas ainda não foram detectadas. Há vários estudos a respeito, mas nenhum chegou a uma definição precisa e por este motivo o autismo é difícil de ser diagnosticado. O diagnóstico tem que ser feito por profissionais especializados que deverão acompanhar a criança durante todo o seu desenvolvimento
O autismo é uma incapacidade complexa de desenvolvimento mental que normalmente aparece durante os primeiros anos de vida. Trata-se de polarização privilegiada do mundo dos pensamentos, das representações e sentimentos pessoais, com perda, em maior ou menor grau, da relação com os dados e exigências do mundo circundante, ou seja, é uma deficiência nos sistemas que processam as informações sensoriais, fazendo com que o indivíduo reaja a alguns estímulos de forma agressiva. Muitas vezes, ausentam-se do ambiente que as cercam com o objetivo de bloquear os estímulos externos, isolando-se das relações interpessoais, permanecendo, assim, no seu mundo interior.
O autista não consegue interromper uma atividade depois de começá-la. Reage a mudança de rotinas, cheiros e certos sons.  Os bebês autistas não respondem a estímulos como outros bebês.
Segundo o GAUDERER (1993), autismo é uma doença, grave, crônica e incapacitante, que compromete o desenvolvimento normal de uma criança e se manifesta tipicamente antes do terceiro ano de vida. Caracteriza-se por lesar e diminuir o ritmo do desenvolvimento psiconeurológico, social e lingüístico.
As crianças autistas também apresentam reações anormais a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. A linguagem é atrasada ou não se manifesta. Das onze crianças atendidas por Kanner (1938), oito adquiriram a habilidade de falar e três delas permaneceram mudas. (SCARIANO e GRANDIN, 2002, p. 191).
O autismo não é um problema atual, embora só tenha sido reconhecido recentemente.  KANNER (1943), em Baltimore, e ASPERGER (1944), em Viena, separadamente, publicaram os primeiros trabalhos sobre esse transtorno. As publicações de KANNER e de ASPERGER continham descrições detalhadas sobre o autismo. Ambos acreditavam que desde o nascimento havia um transtorno básico que originava problemas altamente característicos.  Na verdade, o primeiro a utilizar este termo foi o psiquiatra BLEULER (1911), o qual se referia a um tratamento de esquizofrenia.
O Autismo é descrito como um afastamento da estrutura da vida social para a individualidade, dificuldade para desenvolver a comunicação verbal, incapacidade de desenvolver um relacionamento afetivo normal e comportamentos ou interesses estereotipados e repetitivos.
Para GASPAR (1988), as causas podem ser múltiplas, não havendo informações conclusivas sobre o seu prognóstico ou tratamento. O autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down e epilepsia. 
Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade. Formas mais graves podem apresentar comportamento destrutivo, auto-agressão e podem ser muito resistentes às mudanças.
De acordo com o grau de comprometimento, o autista pode desenvolver comunicação verbal, integração social, alfabetização e outras habilidades. Poderá adquirir padrões “normais” de comportamento e condições de exercitar sua cidadania, dependendo da intensidade e da forma do tratamento. Suas características físicas não são marcantes, porém, podem ter a expressão vazia.
Uma das maiores dificuldades para a compreensão psicológica do autismo infantil é a incapacidade dos autistas narrarem ou descreverem suas experiências. Já as pessoas com síndrome de ASPERGER são altamente verbais e podem falar de seus sentimentos e estados interiores, enquanto que aquelas com Autismo Clássico (KANNER) não são capazes de verbalizar.
ASPERGER definiu o autismo de uma forma mais ampla, analisando danos orgânicos severos e aqueles que transitam para a normalidade. O termo Síndrome de ASPERGER refere-se às raras crianças autistas quase normais, inteligentes e altamente verbais. É a mais suave das síndromes de alta funcionalidade dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento.
KREVELEN (citado em WING, 1991) notou que crianças com autismo de baixa funcionalidade vivem em seu próprio mundo, enquanto que crianças com autismo de alta funcionalidade vivem em nosso mundo, mas do seu próprio jeito. Cada criança tem sua própria personalidade. Os sintomas se manifestam de formas específicas em cada pessoa, não existindo uma receita para lidar com as crianças autistas.
A Síndrome de ASPERGER apresenta desvios e anormalidades em três áreas do desenvolvimento: relacionamento social, uso da linguagem para a comunicação e certas características de comportamento.
Segundo ASPERGER, citado por BAUER: No curso do desenvolvimento, certas características predominam ou recuam, de modo que os problemas apresentados mudam consideravelmente. Todavia, os aspectos essenciais permanecem inalterados. Na primeira infância existe dificuldade em aprender habilidades e adaptação social. Estas dificuldades surgem do mesmo distúrbio que causa problemas de conduta e aprendizado na idade escolar, problemas de desempenho no trabalho na fase da adolescência e conflitos sociais e conjugais na fase adulta.
KANNER (1938) descreveu em onze casos levantados, dos quais oito meninos e três meninas, alguns sintomas básicos: isolamento, insistência obsessiva em manter rotinas e tendência a ter centros de interesses limitados. A síndrome de KANNER indica a criança com aspectos clássicos. As crianças apresentavam diferenças individuais segundo o grau de seu distúrbio. A desordem verifica-se na incapacidade dessas crianças de se relacionarem com outras pessoas desde o começo de suas vidas, vivem absortas de tudo que lhes diz respeito.
Pesquisadores do assunto não assumem uma definição para o termo autismo, que corresponde a um conjunto de critérios de diagnósticos diferentes e, conseqüentemente, com uma determinada abrangência. Porém, independentemente de critérios de diagnóstico, é certo que a síndrome atinge principalmente pessoas do sexo masculino, numa proporção de quatro homens autistas para uma mulher com o mesmo diagnóstico (BATISTA, 2002).
As pesquisas indicam que certas partes do sistema nervoso central podem  não se desenvolver de forma adequada. Os milhões de neurônios em nosso cérebro, quando em desenvolvimento, por algum motivo, estabelecem algumas ligações erradas. Sofisticados aparelhos de tomografia computadorizada indicam que alguns apresentam defeitos no desenvolvimento neuronal e que certas partes do cérebro podem apresentar uma atividade acima do normal.
As causas podem ser múltiplas: fenilcetonuria não tratada, viroses durante a gestação, principalmente durante os três primeiros meses, toxoplasmose, rubéola, anoxia e traumatismo no parto, patrimônio genético entre outros. Os sintomas podem surgir nos primeiros meses. Embora as primeiras manifestações do autismo comecem sempre antes dos três anos, as mesmas costumam não serem identificadas com precisão no primeiro ano. São muito raros os diagnósticos de autismo em bebês menores de doze meses. Os pais começam a perceber que seus filhos são diferentes a partir do momento em que começam a falar; no entanto os sintomas são diagnosticados mesmo antes da aquisição da linguagem.

INTERAÇÃO SOCIAL

Na interação social, observamos os sintomas da destacada diminuição no uso de comportamentos não-verbais múltiplos, tais como contato ocular, expressão facial, postura corporal e gestos para lidar com a interação social.  Apresentam dificuldade em desenvolver relações de companheirismo apropriadas para o nível de comportamento.  Notamos falta de procura espontânea em dividir satisfações, interesses ou realizações com outras pessoas, por exemplo: dificuldades em mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse.  Demonstram ausência de reciprocidade social ou emocional. (Os Segredos do Autismo, 2003).
Na comunicação, observamos atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral, sem ocorrência de tentativas de compensação, através de modos alternativos, tais como gestos ou mímicas.  
Em indivíduos autistas com fala normal, destaca-se diminuição da habilidade de iniciar ou manter uma conversa com outras pessoas. Verificamos ausência de ações variadas, espontâneas e imaginárias ou ações de imitação social apropriadas para o nível de desenvolvimento. Fidelidade aparentemente inflexível às rotinas ou aos rituais não funcionais específicos.  Possuem hábitos motores estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou torção das mãos ou dedos, ou movimentos corporais complexos.  Observa-se, também, obsessão por partes de objetos. (BAUER, 2003)
É interessante que as crianças sejam tratadas desde cedo de forma adequada. Para a família e a equipe terapêutica, os sintomas não específicos são os que mais trazem preocupações, tendo que serem medicados para  controlar o comportamento. As crianças autistas serão afastadas de suas famílias apenas em casos raros e em circunstâncias extremas, quando não responderem a tratamentos psicoterápicos de forma satisfatória e em casos em que as crianças necessitem de escolas especializadas. Existem métodos de tratamento envolvendo educação física, musicoterapia, exercícios aquáticos de coordenação motora que auxiliam no tratamento de integração social, estimulação auditiva, estimulação visual e sensorial. É necessário que haja tratamento psicodinâmico (terapia dos abraços e psicoterapia). Certos autistas respondem bem a um determinado tratamento, outros não. Alguns requerem a internação por toda a vida, devido à falta de percepção do mundo exterior ou a violência do comportamento. Recomenda-se que as crianças autistas sejam atendidas por especialistas da área como: fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, médicos neuropediatras, professores etc. Os autistas têm respostas extremas aos estímulos sensoriais, como: hipersensibilidade à luz, som, toque e fascinação por certos estímulos auditivos ou visuais. Possuem distúrbios de sono e alimentação, além de medo excessivo em situações corriqueiras ou perda do medo em situações de risco. (SCARIANO e GRANDIN, 2002, p.40).                    

Imprescindível olhar as crianças autistas em seu processo de integração e organização simbólica/conceitual (atenção, discriminação, identificação, retenção, compreensão, planificação e controle). Necessário, ainda, avaliar os processos expressivos na linguagem (comunicação verbal e vocalização) e nos movimentos (controle tônico, postura, lateralidade, imagem do corpo, estruturação, espaço temporal, praxes e linguagem gestual) e processos de ajustamentos sócio-emocionais (AMA).


Joana Montes

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quinta-feira, 3 de março de 2011

FRAGMENTOS - BIENAL DO LIVRO SJC





O lançamento do livro Fragmentos foi no dia 14 de abril de 2011, na Bienal do Livro de São José dos Campos. Agradecimentos à Fundação Cultural Cassiano Ricardo e à Secretaria de Educação.

FRAGMENTOS
O livro "Fragmentos" promove um campo reflexivo de redes discursivas geradas pelas comunicações efetuadas no videoclipe e no espectador. Este, mesmo que fora da ação, participa do movimento e interfere ao posicionar-se. As imagens do videoclipe A minha alma, do grupo O Rappa, liberam uma estratégia de comoção do espectador, o qual absorve um sentimento de empatia com os participantes do espetáculo. A tela televisiva torna-se enigmática ao liberar a representação do conteúdo. Uma janela está aberta, instaurada no espaço manifesto e oculto comum aos coadjuvantes, aos atores, aos espectadores e ao olhar solitário que se esconde atrás das imagens, invisível. O videoclipe possui um encantamento quando sua luz, no primeiro plano, reflete, na tela, a ironia do contemporâneo. Tal ironia está refletida no entrelaçar das culturas, ou seja, na diversidade cultural, ao estabelecer vínculos de convivência humana.  As representações invisíveis da exclusão social devem ser representadas no mundo ao dar nome às suas identidades. Pressupõe-se que o sujeito seja integrado a uma nova forma de ver o contemporâneo, de maneira a organizar novas combinações de tempo e espaço. Ao desconstruir o discurso do videoclipe, reconstrói-se um pensar novo e reflexivo. Repensa-se a prática educacional para que as crianças, metaforicamente representadas pelo menino Gigante, tenham na escola e na sociedade um espaço de socialização e cultura para exercer sua cidadania. Assume-se, portanto, o compromisso de formar sujeitos que visualizam criticamente as informações. A educomunicação vem a ser uma área que intervém em ambientes educativos e de comunicação tecnológica. Nesse contexto, ela possibilita o transporte de vivências de outras áreas do conhecimento e dialoga com aspectos educacionais, políticos, antropológicos, sociológicos, discursivos, além dos artísticos e estéticos. Nessa perspectiva, abordam-se estudos de Néstor García Canclini (2008); Márcia Perencin Tondato (2009); Ismar de Oliveira Soares (2002).

Palavras-chave: Espectador, videoclipe, inclusão social, educomunicação.

Autora: Maria Joana Brito da Silva Montes

Consultora Gráfica: Suzi Helena
Valor: R$ 59,00 

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