Pages

domingo, 25 de julho de 2010

O videoclipe e a educação: Identidades fragmentadas no contemporâneo


Um menino "Gigante"


No videoclipe “A minha alma” (1999), o pequeno “Gigante” esteve presente quase em todas as cenas, e no final fica só, observando os escombros. São os primeiros anos de vida os mais importantes para o desenvolvimento psíquico do indivíduo, do “eu” bem estruturado. Para Hall (2006), isto está próximo à interação do interativo, da ideologia. De acordo com o mesmo autor “encontramos a figura do indivíduo isolado, exilado ou alienado, colocado contra o pano-de-fundo da multidão ou da metrópole anônima e impessoal”.
Conceitualmente ninguém é contra a inclusão. Porém, para trabalhar inclusão dentro do sistema educacional, torna-se necessário modificar atitudes dentro da escola e da sociedade. Quando apontamos um elemento ou indivíduo, já estamos excluindo. No ambiente escolar faltam ações claras, que modifiquem o contexto de exclusão, em que a permanência do educando em condições favoráveis seja o principal objetivo.
Hoje, a educação não olha para o indivíduo. Parece uma cultura dissociada, isto é desintegrada. Não se pode pensar em formação sem pensar no sujeito. A formação do sujeito quanto processo escolar tem que ser dinâmica, diversificada e humanizada.



Por: Joana Montes


Impressões Preliminares


O videoclipe "A minha Alma" do grupo Rappa, transmite informações densas, conflitantes e fragmentadas. É uma estrutura complexa. Possui um sincretismo lingüístico que reúne linguagens verbais e não verbais. Há, também, um cruzamento de diversas culturas, sendo que cada uma tem uma história que se liga a uma concepção de valores e culturas globalizadas.
Ao ver/ler o videoclipe percebe-se que o receptor não é passivo. Ele possui filtros e é ativo na transmissão dos sentidos, interferindo na forma de representação de acordo com vivências e atinge formas diferenciadas na interpretação do mesmo. No mesmo contexto, pressupõe-se que o emissor tenha uma intenção e que se valha de um repertório que ele e o receptor dominam, ou seja, termos e expressões através de gestos e até mesmo o próprio cenário. Percebe-se que o videoclipe em questão dá conta da manifestação comunicacional e possui uma estética própria e de fácil compreensão para o público.

 
Figura 1 – Imagem retirada do videoclipe "A Minha alma" 
Observando o audiovisual, quais os significados que o autor quis mostrar com as cenas e qual a relação com a realidade brasileira? A visão que temos é de grupo pouco assistido pelo Poder Público. O capitalismo favorece uma minoria de pessoas, dominadoras do poder econômico, pouco fazendo pelos indivíduos menos favorecidos e pode-se citar, como exemplo, a visão de crianças nos lixões ou pegando papelão nas ruas para sobreviver que passou a ser normal no cotidiano. Isto significa que não assusta mais, passou a ser um fato natural. Neste quadro, como agravante, o grau de instrução é claramente afetado: os mais pobres são desprovidos de uma educação de qualidade, sendo esta, um dos princípios libertadores na busca de formar e manter o jovem no caminho de redes sociais saudáveis.
A situação do jovem brasileiro é quase sem perspectivas, pois o futuro para eles é coberto de incertezas. Vive-se num contemporâneo que se entende ser extremamente complexo. Paradigmas que norteavam o hoje são pautas de discussão amanhã. Na cultura atual, os códigos vivem numa polissemia, ou seja, multiplicidades de sentidos. Dependendo dos valores, serão feitos recortes para entender esses discursos e os significados poderão ser opostos de acordo com a visão de cada indivíduo. O aqui e o agora poderão mudar de posição a qualquer momento.

Figura 2 – Imagem retirada do videoclipe "A Minha alma"

A Minha Alma - O Rappa

O BICHO

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira
 
Infelizmente, numa sociedade que exclui, não vemos um desfecho favorável. A visão que temos é de uma sociedade miserável e pouco assistida pelo poder público.
O capitalismo favorece a uma minoria de pessoas, dominadoras do poder econômico, pouco fazendo pelos indivíduos menos favorecidos.
Ver crianças nos lixões passou a ser uma cena comum, a tal ponto que poucos se comovem ao presenciar. Na realidade muitos são favorecidos pela miséria, preferindo que a ferida fique sempre aberta, pois é uma forma de lucro. Interessante questionarmos qual seria nossa impressão ao ver um ser humano, como nós, arrastando-se pelos lixos à procura de alimento.
Falar e ouvir não mexe tanto quanto presenciar, ver a miséria, o desespero, o olhar de quem não tem mais nada a perder. A submissão do ser humano perante a vida desprovida de dignidade. Falamos tanto em cidadania, termo comum nos discursos políticos da atualidade. No entanto, percebemos que os discursos continuam demagogos, desprovidos de fidelidade para o povo. Perguntamos o que fazer? Será que o plano de governo fome zero é a solução? Dar comida a estes miseráveis sem condições de trabalho com dignidade? Estamos, desta forma, longe de uma solução. Se a renda fosse distribuída com justiça e não houvesse poucos com tanto e muitos miseráveis, talvez tivéssemos aí uma solução social, humana e digna para todos. Por enquanto, tudo nos parece utopia, pois a sociedade vê os marginalizados, como culpados da própria miséria. Eis aí o contexto da nossa deficiência.

Joana Montes

Educar para...

O ato de educar é um ato ético de abrir caminhos para construir. No entanto, para que haja construção, é necessário pensar. Nossas idéias são construídas a partir de um mundo real. Portanto, cidadania não se constrói na ignorância. A escola é um espaço fértil, de afeto, de competências, de ideologias, de conhecer e de aprofundar. O grupo é real, cada um com suas identidades e saberes, que unidos transformam-se em qualidade.
Dentro de uma organização, devemos estabelecer mecanismos que permitam a comunicação e a viabilização do controle de qualidade, estudando os problemas coletivamente e buscando soluções para saná-los.
Compartilhar, repensar e reconstruir coletivamente a prática requer uma visão do todo e responsabilidade nesse todo. Refletir é um jeito diferente de pensar o repensar. Portanto, faz-se necessário não o trabalho isolado e sim do pensamento isolado, na tentativa de repensar atitudes e procedimentos, olhando em si para buscar no outro respostas, revendo atitudes e reconstruindo-se para poder reconstruir e interagir. Somos indivíduos sociais e, como tal, devemos observar que, no trabalho em equipe, podemos aprender a conviver com harmonia, participando e crescendo coletivamente, compartilhando erros e acertos de forma ética.
É necessário que o grupo aprenda a conviver coletivamente, que se humanize para poder humanizar. É interessante ter a clareza de que em grupo aprendemos a pensar, ampliando a visão de mundo, pondo na mesa os conhecimentos, que são o alimento e fruto do trabalho humano.
Faz-se necessário que a comunidade escolar participe do processo, que enxerguem que não somos seres isolados e sim sociais. Que vivemos em sociedade e, portanto, necessitamos reaprender a trabalhar em equipe, visando a qualidade educativa, ou melhor, qualidade do desenvolvimento humano em todos os aspectos.
Se queremos ter um saber inteiro e aprofundado, precisamos ir a busca deste inteiro e ter humildade e reconhecimento dos nossos limites.
No trabalho coletivo um pensamento completa o outro e nesta sabedoria de procurar no outro o complemento que encontramos a qualidade.
Joana Montes
Este projeto visou dar oportunidade para que experimentem, expressem e comuniquem seus desejos e emoções, em interações onde possam compartilhar novos conhecimentos, construindo uma lógica própria de interpretação, construída à medida que forem desenvolvendo atitudes de curiosidade, de crítica e de reformulação de hipóteses diante do estudo do mundo social. Respeito e valorização à diversidade de cultura.


PROJETO: Conhecendo o Vale do Paraíba num Trenzinho Caipira

          
A escola tem a responsabilidade de garantir a todos os alunos o acesso aos saberes necessários ao exercício da cidadania, direito inalienável de todos. Para tanto, faz-se necessário buscar práticas que estimulem e incentivem o desejo de conhecimento. Portanto, é necessário apresentar conceitos e orientações para as atividades que possibilitem os alunos a realizar leituras, críticas dos espaços, das culturas e das histórias do cotidiano.

Projeto apresentado como requisito para obtenção de certificado no curso de atualização em Sensoriamento Remoto e Sistemas de informações Geográficas para Professores de Educação Básica.


Trabalho apresentado no "Congresso Internacional de Educação - São José dos Campos" (2008) e no "V Congresso Internacional EducaRed" (novembro de 2009)




http://www.francetudiant.com/videos/educa-projetos-LmpxxplGgSg

2014 - Como sugestão para ser incluído ao projeto, indica-se o vídeo 
"Globo Repórter a História das Ferrovias no Brasil"


Joana Montes

sábado, 24 de julho de 2010

Projeto: Qualidade de Vida - Paz

Instrumentos físicos ou simbólicos sempre são produtos culturais que possuem uma história que requer uma transmissão social. Práticas mediadas que por sua vez convertem em atividades humanas de maior amplitude. A cultura da Paz deve ser introduzida em nosso cotidiano. Faz-se necessário, antes de mais nada, humanizarmo-nos para poder humanizar o outro, ou seja, que ao passarmos o conceito ele esteja vivo dentro de nós.
Observamos no decorrer dos tempos várias iniciativas de promover a Paz, tais iniciativas parecem pequenas diante de um paradigma de guerra enraizado em nossa história humana. No entanto, a constância nas atitudes e iniciativas fará a diferença futura.
A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele, pois tal mundo deve ser preparado pensando em como nossas crianças irão chegar ao seu destino. É através da educação que decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo, abandonando-as a mercê de uma política econômica cruel e uma sociedade desumana. Devemos humanizar nossas crianças oferecendo educação de qualidade, dando-lhes condições de sobrevivência, sabendo lutar pelos seus direitos e respeitando a vida como um todo.
A responsabilidade do homem está em fornecer condições de sobrevivência para as próximas gerações. A base desta responsabilidade é saber conduzir as crianças de forma adequada nas questões físicas, sociais, emocionais e culturais.
Um elemento mediador na relação com o meio não só facilita a ação, transforma a estrutura das funções mentais, usa o elemento mediador integrando-o na estrutura de sua ação.
Quando espera uma criança, a mãe se prepara para recebê-la. Após o nascimento, sua comunicação inicial é através do olhar. Olhar tão significante que dará ao recém-nascido o conhecimento da primeira linguagem humana. Com o tempo a criança irá experimentar o mundo de diversas formas, criando estruturas cognitivas. No período sensório motor experimenta os movimentos, no pré-operatório utiliza os objetos e, por fim, o hipotético dedutivo onde argumenta e cria hipóteses. Reflete no espelho, conhece seu eu imaginário e vê-se refletido no eu do outro. Passa por várias transformações até ter a consciência do seu corpo, libertando-se e reconhecendo o pai como frustração do seu desejo. O ser humano cresce, desenvolve-se e chega ao período escolar, fator este que gera, por vezes, ansiedade profunda. Vê-se diante de uma série de obstáculos. Assimila e acomoda.
Quando conseguimos criar em nossas escolas uma cultura de convivência diferenciada, aproximamos a comunidade da escola e transformamos nosso fazer em motivo de orgulho e satisfação. No entanto, é necessário abrir espaços, dando ao grupo oportunidade de vivenciar os valores de identidade, liberdade, responsabilidade, respeito ao bem comum, eqüidade, justiça, solidariedade, compromisso e coerência. Todo o processo de aprimoramento deve ser compreendido e observado que não será de forma abrupta e sim paulatinamente. Desta forma conceitos como liberdade deve ser entendido como direito de escolha, mas com o conhecimento de suas conseqüências, levando a responsabilidade sobre as mesmas.
A educação e a saúde devem ser prioridades num país. É pensando no futuro das novas gerações que o país se faz forte e soberano. Deixar que nossas crianças aprendam a fazer a leitura do mundo, faz parte de uma boa educação. Educação esta que deve ser trabalhada desde o início da vida, preparando-as com antecedência para a tarefa de renovar o mundo comum.
A Paz se aprende e somente surgirá se a humanidade concordar em vivê-la. Para tanto, faz-se necessário abolirmos paradigmas como preconceitos e estereótipos.
É necessário que aprendamos que os conflitos existem, pois fazem parte da vida e devem ser administrados e resolvidos com sabedoria.
Concluindo, renovar o mundo comum se faz dando às gerações futuras a oportunidade de exercer sua cidadania de forma plena e digna, respeitando o outro e o mundo em que vive.

Este projeto foi desenvolvido com o objetivo de:
  • Adotar atitudes de respeito pelas diferenças entre as pessoas, respeito esse necessário ao convívio numa sociedade democrática e pluralista.
  • Compreender a vida escolar como participação no espaço público, utilizando e ampliando os conhecimentos adquiridos na construção de uma sociedade democrática e solidária.
  • Valorizar e empregar o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas.
Falar, segundo “Gadotti”, de qualidade política na escola é falar de qualidade de vida da população. Segundo ele, para que haja educação escolar de qualidade devemos criar condições concretas para que o educando possa interagir na sociedade como cidadão ativo.
Existe uma cultura de que a escola deve ser homogênea, no entanto os indivíduos não são idênticos entre si. Erro, também, é admitir que as escolas são homogêneas. Portanto, devemos ter a consciência que trabalhamos com diferenças e para tanto devemos nos adequar.
As escolas não possuem as mesmas características, pois suas comunidades são diferentes, com necessidades próprias. Podemos observar diferenças nos aspectos físicos, materiais e humanos. Conhecer a história da comunidade, seus desejos e necessidades são de suma importância para o fazer pedagógico.
O respeito às idéias do pluralismo cultural significa abrir as portas para uma educação de qualidade, onde todos tenham acesso, oportunizando o desenvolvimento de suas potencialidades.
Segundo Gadotti, educação para todos significa acessos de todos à educação independentemente de posição social ou econômica.
O autor coloca também que deve haver um equilíbrio entre a cultura local e a universal (patrimônio da humanidade), construindo uma sociedade pluralista e independente.
É importante que na escola haja representatividade, onde a convivência seja harmoniosa, visando a qualidade da educação. Tal consciência deve partir de seus pares para a comunidade educativa, construindo relações sociais e comunitárias.
Sujeito autônomo não significa ser sujeito isolado. Ser autônomo é ter consciência política, capacidade crítica e auto-gestão.
Se o objetivo é construir indivíduos autônomos, devemos dar condições para que eles possam adquirir sua autonomia. Para tanto, o maior desafio é o da qualidade, considerando que a sociedade está inserida num mundo heterogêneo. Para buscar tal qualidade, precisamos conhecer a realidade das famílias e estabelecer um diálogo significativo com os beneficiários.
A qualidade se faz com o trabalho coletivo, com um projeto pedagógico coerente onde a própria comunidade possa participar e avaliar. Escolas onde os alunos gostem de estar e participar. Em suma, a qualidade da escola não está no aspecto físico, mas pelas conquistas realizadas.
“Ninguém começa a palavra lendo a palavra. Porque antes da palavra, o que a gente tem pra ler, a disposição da gente, é o mundo. E a gente lê o mundo, na medida em que a gente o compreende e o interpreta. E foi isso que os homens e as mulheres fizeram. Milênios depois de ler o mundo é que os homens inventaram a linguagem e milênios depois ou séculos depois é que inventaram a escrita."

Paulo Freire